É o último dia do ano. Como nos últimos tempos cumpro uma pena injusta, uma solidão caseira. Sem ter com quem dar um abraço, um beijo, nem pensar em transar. Desejo defloro tantas a me masturbar por elas, nelas e agora aquela que acabo de ver no zap. Mudou outra vez a imagem…
Um surdo desejo quente aparece, uma espada flamejante, turva e escraviza num rompante a inocente racional mente. Transfigura, noutra estampa… Irracional, desmedida… Permissiva. Um assustador, tarado monstro. Arrebatador.
Vejo seus cabelos encaracolados soltos, numa proposital destacada mecha, na testa. Sorriso vermelho, realçando os cativantes brancos dentes. Não suporto, não aguento, estouvado, escrevo:
“Inspirativo… Dá ideias a um novo conto. Pena não se ver… Mais.”
Sem pensar, refletir, medir, despacho. A abusada frase anexa a foto estimulante.
Aguardo, espero ansioso… Uma resposta, um retorno, nem que seja um riso, sorriso… Nada vem, chega… O celular apita, são outras as mensagens, outras gentes. Formais cumprimentos ao fim do dia, do ano. Congratulações formais, normais.
Vou ficando arrependido, desolado, magoado.
Deito, ligo a TV e durmo, misturando imagens e sons, com as vontades, num estranho sonho:
Acordo com o apitar do zap… Aflito abro, é ela a responder suspeito elogio.
O coração, pulsa pula, tremo até ler a mensagem.
“Olha há anos nós trabalhamos, mas de uns tempos para cá, você tem feito comentários abusados. Muito desagradável, por favor não mistura as coisas.”
Fico mais que arrependido, frustrado, sonhei que ela aceitaria, gostaria. Não sei de onde tirei tal ideia, afinal é só uma garota, nem tão jovem, ainda assim apreciável formosura, melhor se fosse uma puta. Achei que a tal imagem fosse um recado, um convite. Ela sabe da minha solitária miserável vida de agora. Sabe do meu querer… Sonhar, escrever sobre ela, outras. Mas também nunca mostrou muito interesse, desejo.
Não sei porque cheguei a açodada conclusão, amargurado torno:
“Desculpe se soei abusado. Perdão, tenho minhas razões, mas nada justifica se te deixo constrangida.”
Envio e só então percebo que ficou algo que devia destacar, nem sei se precisava, ainda assim dedilhei num novo envio:
“Não me lembro de outras nesse último mês, mas se te deixei incomodada também lhe peço desculpas por essas… Também.”
Desagradável, ainda mais que daqui a alguns dias irei vê-la novamente. Fico a pensar no que falar, raciocino frases, modos, dos mais variados jeitos. Repito a exaustão, o celular de novo apita e eu nem lhe presto atenção. Só quando canso de todas as mais eloquentes alternativas é que me deparo com uma encomenda… Dela:
“Vai faz um conto. Tô esperando.”
Vejo que ela ainda está on line. Retruco:
“Agora? Aqui?”
Envio e num piscar de olhos ela lê, digita, petulante mais que aflita:
“Não falou que escrevia? Então mostra, digita. Não me faz esperar.”
Fico atordoado, duro. Empinado quente. Seguro acaricio um pulsante membro.
Sua puta. Era uma isca, não era?
Escrevo, dedilho sem ritmo, jeito, o diabo do corretor mais atrapalha que ajuda. Demoro, mais que gostaria. Arfo… Despacho:
“Quero te comer.
Embucetar.
Fuder até não mais querer.
Lamber. Cuspir.
Tarar… Gozar.
Lançar em jatos um doce creme quente,
Gosmento, nojento, no fundo do seu mundo.
Na boca carnuda,
ser beijado, chupado, sugado
pela sacana língua louca
da prostituta de olhos cerrados
te comer essa fenda qual buceta
virgem, te fazer ter vertigem
até inundar empapar com gala
essa suculenta vala de lábios rubros
saborear o escorrer do nevado creme
ver gotejar melar seu pescoço
adoçar os redondos peitos
de empinados bicos
manchados maculados em nata
Na buceta bem tratada,
afundar um afogueado talo
cuspido, lambido no doce mel de você
óleo morno que lubrifica facilita
faz ir dentro nesse mundo buraco fundo
vórtice negro de onde nenhum pau
volta… O mesmo
agarrar, alargar suas dobradas coxas
rasgar furar tuas frescas carnes
doer, fuder, te fazer gemer
de prazer
E ao final, mais que obcecado, doentio
como fera no cio
te dominar como uma cativa serva
torturar dobrar domar
mostrar e mais que demonstrar
usar, abusar
me deliciar vendo seu assustado olhar
a implorar piedade, bondade
rir do seu sofrer
perfurar
até te fazer gemer
gozar
dentro de você te macular, fuder
e depois apreciar o creme escorrer…
do cu
de você.”
Não sei, não sei de onde saiu isso de mim. Essa fera insana, demente e louca. Sem me dar conta afago um pulsante mastro – aí se eu pudesse…
Bato, no ato, desnudo um grosso falo. Agito, aperto, num angustiante deleite. Tremo só de sonhar, pensar naquele corpo miúdo, desnudo. Domado pelo meu querer…
Fuder… Devasso.
O celular toca, me traga, me busca.
Com raivosa aflição falo um Alô desbocado:
– Que foi?
– AAaaaahhhh!!!! AAaaaahhhh!!!
– Quem é?
– Uunnhhh!!! É isso que você chama de conto, é? AAaanhhh!!!
– Gostou?
– MMMmmmm!!!! Quer comer… Comer meu cu, meu cu e a buceta…. AAAaaahhh!!
– E se for?
– Tá com o pau na mão tá?
– Tô.
– A minha tá no fundo da buceta.
– Molhadinha? Toda?
– Três dedos…. AAAaaaahhh!!! AAaaahhh!!! Bem no fundinho, entrando e saindo. Doíiii…. Aaaaíiiiiii…. Mas é bommm… Uuunnhhh… Melhor que o seu caralho!
– Queria te ver?
– Falou que era um conto… Isso não é conto. Pôoorrraa. Merda!!!
– Segura o bico… Aperta. Geme, se machuca.
– Puuutttaa… Aaaíiiiiii…. Asssiimmm… Asssimmmm eu vou… Eu vou….
– Goza, vai. Goza goza muito, molha a cama. Se fode, se come, enfia a mão, inteira.
– Vai doer, machucar. Poxaaa!!!
– Vira uma puta, piranha. Minha ‘puta’ de estimação.
– Puto é você seu, seu sacana…. AAaaaahhhh!!! AAaaahhh!!!
– Que foi?
– Entrou… Entrou… Tá dentro.
– A mão todinha?
– Inteira, toda…
– Tá molhadinha?
– Melada, nojenta.
– Goza.
– Então goza comigo. Faz… Mostra.
– Tô batendo…. Uuunnhhh!!! Entrando bem no fundo, no fundo… De você.
– Tá me fudendo tá? Me comendo, comendo o que?
– O cu. Furando, rasgando seu rabo, doce cu com mel de uruçu.
– Tarado… Sem classe… Fudido…. Quem você…. Você…
– Te dando uns tapas na bunda.
– Tapa não!!! Tapa não!!!
– Gosta, não gosta, sua putinha?
– Adoro…. Aaaahhhh!!! A mão tá entrando… Tá me fazendo… Mmmmm!!!
– Mexe no grelo mexe. Siririca… Vai…
– Aaaaíiii… Aaaíiii… Seu puto…
– Seu dono. Tô te comendo o cu, bem gostoso. Tô te fazendo gostar, gozar.
– Táaaa… Táaaa… Eu tôoooo…. AAAAAaaaaahhhhh!!!!
O telefone apita, grita, berra…
Eu acordo. Suado, molhado… Empapado.
Giro, viro, ainda não acredito. A cueca toda melada, apertada.
Eu me ajeito enquanto busco o irritante telefone estridente.
– Alô!!!
Não ouço nada. Repito.
– Alô!!! Quem é?
– Adivinha….